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“PROPOSTA DE CD-ROM SOBRE COMPORTAMENTO SEXUAL DOS ANIMAIS PARA A DISCIPLINA DE BIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO” Sandro José CONDE1 Kátia Losano ISHARA2 Silvia Mitiko NISHIDA3 Renato Eugenio da Silva DINIZ4 Resumo: Utilizando-se do propósito de alcançar no Ensino Médio uma articulação interdisciplinar, adotando uma abordagem que utilize a tecnologia multimídia, altamente difundida na sociedade atual, o projeto configurou-se como na criação de um CD-ROM, tomando por base um texto paradidático, já concluído, sobre o comportamento sexual dos animais. Como características básicas o CD-ROM apresenta uma seqüência de figuras ilustrativas, sons e animações que estarão inseridas numa conversa entre dois personagens animados: um adolescente questionando sobre a razão dos diferentes comportamentos animais que observa na natureza e um biólogo que esclarece suas dúvidas. A produção do CD-ROM foi desenvolvida com a colaboração do NEAD (Núcleo de Ensino à Distância da Faculdade de Medicina da UNESP – Botucatu) e as animações realizadas no programa Flash MX da Macromedia. Independentemente das limitações técnicas enfrentadas e superadas, o material produzido procurou traduzir a perspectiva de não apenas ilustrar o conteúdo para o aluno, mas de instigar sua curiosidade e levantar possíveis dúvidas a serem solucionadas. Palavras-chave: Ensino Médio; Biologia; multimídia; CD-Rom; novas tecnologias. INTRODUÇÃO A Biologia tem por objeto de estudo os seres vivos, suas inter-relações e com o meio ambiente. Todavia, especialmente nas últimas décadas, o conteúdo dessa disciplina foi reduzido a um estudo exclusivamente analítico sobre a morfologia, deixando-se de lado os aspectos funcionais e interativos dos seres vivos em relação ao meio onde vivem. Particularmente nas redes públicas de ensino médio, essa tendência, aliada às difíceis condições de trabalho do professor, restringiu o processo ensino-aprendizagem à sala de aula, com poucas aberturas para inovações (SÃO PAULO, 1992). A Proposta Curricular para o Ensino de Biologia do Estado de São Paulo procura proporcionar uma diretriz mais sintética sobre o ensino de Biologia, tendo o tripé: diversidade, adaptação e evolução como os grandes temas norteadores (SÃO PAULO,1992). O enfoque evolutivo é especialmente útil, pois leva em consideração a indissociabilidade da relação estrutura-e-função e procura explicar as causas da diversidade e adaptação dos seres vivos, com base na relação espaço-e-tempo com a biosfera terrestre. 1

Discente de Ciências Biológicas e bolsista do projeto do Núcleo de Ensino. Apoio Financeiro: PROGRAD/ Fundunesp. Discente de Ciências Biológicas. 3 Docente do Departamento de Fisiologia – Instituto de Biociências – UNESP – Campus de Botucatu. 4 Docente do Departamento de Educação – Instituto de Biociências – UNESP – Campus de Botucatu. 2

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Já os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sugerem uma atuação combinada entre o desenvolvimento de conhecimentos práticos e contextualizados que respondam às necessidades da vida contemporânea e de conhecimentos mais abrangentes, adequados a uma cultura geral que permita desenvolver uma visão holística sobre a relação do homem dominando o seu ambiente, o seu mundo (BRASIL, 1999). Admitindo-se tal perspectiva, o aluno, esse futuro cidadão, tornar-se-á capaz de compreender o desenvolvimento do cotidiano social e profissional. É possível materializar essa concepção ambiciosa no Ensino Médio das redes publicas brasileiras? Não temos dúvidas de que a escola é um espaço privilegiado para ensaiar a realização desse tipo de proposta. Segundo Paulo Freire (1997) ... todo ato de pensar exige um sujeito que pensa, um objeto pensado, que mediatiza o primeiro sujeito e o segundo, e a comunicação entre ambos, que se dá através de signos lingüísticos. O mundo humano é, desta forma, um mundo de comunicação. Os avanços da ciência e da tecnologia proporcionaram ferramentas de comunicação via satélite e a era informação globalizada e digitalizada. Seja através de acessos à rede mundial de informação interligada através de computadores (Internet) ou da televisão, a facilidade na troca de informações entre as pessoas ganhou uma nova dimensão em termos de quantidade e velocidade. É possível incorporar essa nova tecnologia como ferramenta no processo ensino-aprendizagem?

Segundo Costa (1999), “vivemos hoje numa sociedade multimídia que prima pela multiplicidade de linguagens e formas expressivas” seja simplesmente para chamar a atenção do outro ou para anunciar um produto ou serviço. Dessa forma, quando o professor utiliza um recurso tecnológico como fonte de informação ou como recurso didático para a atividade de ensino está, também, possibilitando que os alunos aprendam sobre as práticas sociais que utilizam tecnologia e desenvolvam habilidades e atitudes para se relacionarem com a tecnologia na vida. Por que não testar a sugestão de Masetto (2000), que recomenda a ampliação do repertório de modalidades didáticas e o uso de materiais variados, entre os quais os microcomputadores? De fato, já há muitos títulos de CD-ROM educacionais disponíveis no mercado e de excelente qualidade. Essas novas tecnologias cooperam para o desenvolvimento da educação em sua forma presencial, uma vez que podem ser usadas para dinamizar as aulas, tornando-as mais vivas, interessantes, participantes, e mais vinculadas com a nova realidade de estudo, de pesquisa e de contato com os conhecimentos produzidos (MASETTO, 2000).

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Justificado o uso de um veículo adequado para estimular a comunicação entre professor e aluno a escolha de um tema adequado pode agora ser considerada. Entre os diversos temas da área de Biologia temos a Etologia – área do conhecimento que investiga as causas últimas e imediatas do comportamento dos animais. Os temas sobre o comportamento dos animais são bastante adequados, pois permitem trazer para a sala de aula a vivências do dia-a-dia dos alunos com os animais que lhes são familiares. A curiosidade de “como” ou “porque” determinado animal, inclusive o próprio aluno, se comporta, permite ao professor responder estas questões de acordo com fundamentos que abranjam tanto o campo da ecologia como o da evolução. Os recursos multimídia tornam as descrições comportamentais muito mais atraentes do que as descrições verbais e sem imagens. Permitem, ainda, reunir uma ampla gama de diversidade dos padrões de comportamento dos animais em um banco de imagens e de sons. Contudo, um desafio a ser superado é a concretização de uma prática pedagógica que promova a construção, a elaboração do conhecimento por parte do aluno, e não a mera ilustração do conteúdo. Que possibilidades surgem, do ponto de vista do processo ensino-aprendizagem, com o desenvolvimento de uma prática educativa na disciplina de Biologia, como a utilização de recursos multimídia, e que pretenda promover a construção do conhecimento por parte dos alunos? Há muitas teorias sobre os mecanismos de aprendizagem e aplicações práticas, mas a Teoria da assimilação cognitiva do psiquiatra norte-americano David Ausubel desenvolvida entre 1950-1960 teve grande impacto na educação (CARVALHO, 2000). Os pressupostos de Ausubel baseiam-se no mecanismo de funcionamento e da propriedade plástica do cérebro humano. Segundo ele, estamos sujeitos a uma constante estimulação sensorial, cujas informações são transformadas em idéias (conceitos), às quais são agregados valores afetivos (emocionais), e que são organizadas hierarquicamente, em ordem de importância, num banco de dados que podem ser acessadas (lembradas) a qualquer tempo. Em outras palavras, o nosso cérebro possui uma estrutura cognitiva que possibilita a interconexão de múltiplos conceitos, faz confrontações e modificações, e se encontra em constante processo de reajustes diante das novas informações que não param de chegar. Esse dinamismo indica que o conhecimento do individuo está em constante reorganização e que pode resultar em mudanças de comportamento (de atitudes). Ou seja, a aprendizagem é considerada por Ausubel como um contínuo processo de construção do conhecimento. No entanto, a incorporação eficiente das novas informações à estrutura cognitiva depende de uma articulação entre o que é novo (por exemplo, o que o professor quer ensinar) e o que já existe (experiência prévia do aluno sobre o assunto). Isso quer dizer que 470

retemos determinadas informações por mais tempo ou para a vida toda, especialmente quando elas são somadas às experiências significativas de nossa vida. Dessa idéia nasce então a aprendizagem significativa em oposição à aprendizagem mecânica cujas informações são incorporadas pela “decoreba”, quando o aluno é um elemento passivo no processo de aprender. Nesse processo de aprendizagem mecânica as informações são até retidas, mas facilmente esquecidas porque não tem pouco ou nenhum significado relevante para a vida pessoal do aprendiz, por exemplo, decorar fórmulas matemáticas e leis da natureza destituídas de contextualização. Baseados nesse conjunto de idéias, ensaiamos a produção de um CD-ROM contemplando várias unidades de ensino de Biologia da Proposta Curricular para o Ensino de Biologia do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 1992), utilizando temas de comportamento animal. Nessa série, o CD-ROM proposto trata sobre a biologia da reprodução. Apostamos que a escolha desse tema deverá ir ao encontro das curiosidades naturais dos estudantes do ensino médio sobre a própria sexualidade e, por conseguinte, sobre as bases anatômicas, fisiológicas e comportamentais, incluindo a de outros animais. 2. DESENVOLVIMENTO DE UM TEXTO SOBRE O COMPORTAMENTO SEXUAL DOS ANIMAIS O tópico “Comportamento” é referido como parte da Unidade 5 (Diversidade dos Seres Vivos) da Proposta Curricular do Ensino de Biologia do 2º grau do Estado de São Paulo (1992) e citado nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (1999) como parte de um sistema educacional que desenvolve a curiosidade e o gosto de aprender. Além disso, “o comportamento” é citado por professores como um tema que deve pertencer ao currículo atual (Krasilchik & Trivelato, 1995). Mesmo sendo proposto nos guias curriculares, o tema comportamento não é amplamente discutido na maioria dos livros didáticos pesquisados: LINHARES & GEWANDSZNAJDER, 1995; CLEFFI, 1987; FONSECA, 1984; LOPES, 1988; MARCONDES,1991; MARCONDES & LAMMOGLIA, sem data; MARTHO & MARTHO, 1983) entre outros. Partimos para a produção de um texto de apoio ao professor baseado no tema “Comportamento Sexual dos Animais” para depois criar o ambiente de CD-ROM. Queríamos tratar a “... a sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se expressa no ser humano, do nascimento até a morte” (BRASIL, 1999) e mais: queríamos tratar sobre a biologia da sexualidade dos animais, sua diversidade, adaptação e evolução através da etologia. O assunto teria forte apelo motivacional, pois os próprios estudantes se encontram numa etapa do desenvolvimento biológico em que a própria sexualidade está se constituindo. E a escola é um local estratégico para promover trabalhos educativos contextualizados que ajudem os alunos a 471

desenvolver um conhecimento seguro sobre a própria biologia reprodutiva (e de outros animais) e, como conseqüência, desenvolver uma postura de responsabilidade sobre si e pelos outros. Assim foi concebido um Texto de Apoio ao Professor abrangendo os seguintes capítulos (Ishara, 2003): Capítulo I: Formas de reprodução dos animais: Reprodução sexuada, custos energéticos da reprodução, diferenças sexuais, determinação do sexo, gametogênese; vantagens da reprodução sexuada; outras formas de reprodução: hermafroditismo e partenogênese. Capítulo II: A fertilização do óvulo não encerra a tarefa da reprodução: biologia reprodutiva dos mamíferos, biologia reprodutiva das aves; dimorfismos sexuais e seleção sexual. Capítulo III: Diversidade do comportamento reprodutivo: como os machos e as fêmeas se atraem na época da reprodução?, fatores que afetam a atividade reprodutiva, ciclos reprodutivos dos animais, como os animais detectam os sinais reprodutivos; interações sexuais entre machos e fêmeas, rituais pré-nupciais, cantos, expressões e presentes, táticas alternativas de acasalamento. Táticas egoístas, cooperativas e altruístas. Capítulo IV: Princípios básicos sobre a reprodução humana: o sistema reprodutivo feminino, o ciclo menstrual e seus mecanismos, gestação e lactação; o sistema reprodutivo masculino, ereção e ejaculação. Capítulo V: Origem, evolução do homem e a sexualidade humana: origem e evolução do Homo Sapiens; peculiaridades da sexualidade humana, a mulher oculta a ovulação, sistemas de acasalamento e cuidado da prole, significado da longevidade pósreprodutiva. 3. DESENVOLVIMENTO DO CD-ROM “CD-ROM” é a abreviatura de Compact Disk-Read Only Memory e significa “Disco Compacto de Memória apenas de Leitura” e, na prática, esse disco que é lido a laser, geralmente contém um ambiente de texto, imagens e sons que é acessado pelo usuário por microcomputador. O CD-ROM difere de um livro porque pode armazenar muito mais informações de texto, arquivos de imagens (fotos, figuras e vídeos) e arquivos de sons. Além disso, conforme o modo como foi concebido permite a interatividade com o usuário. Assim, pensamos em criar um material didático para o professor e, ao mesmo o tempo, uma ferramenta interativa para o estudante poder reforçar os seus estudos ou pesquisar sobre o 472

tema. Somando-se ao material didático de nossa autoria, há várias sugestões de endereços na web para serem visitados para complementação. CONFIGURAÇÃO DO CD-ROM Escolhemos o diálogo (perguntas e respostas) entre um adolescente e um adulto, personagens animados especialmente criados para alinhavar o sequenciamento lógico da apresentação. Enquanto as perguntas são feitas pelo adolescente, o adulto – um biólogo – responde, e as animações gráficas são disponibilizadas para facilitar a compreensão. A digitalização de imagens e de sons, assim como a incorporação de sons e imagens de vídeos no Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências, UNESP. Além disso, contamos com o auxílio do Núcleo de Ensino a Distância (NEAD) da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP que nos supriu com o suporte técnico do programa utilizado. Neste trabalho, optou-se pela escolha do software da Macromedia, Flash MX, como a linguagem de programação do multimídia por apresentar entre outras vantagens: a edição e animação de imagens gráficas, alto nível de interação com outros programas de hipertexto possibilitando a combinação de vídeos, sons, movimentos e efeitos de maneira mais rápida e com melhor qualidade que os GIF animados. O uso de imagens vetoriais permitiu a produção de arquivos de tamanho reduzido que podem ser executados mais rapidamente à medida que são descarregados. Alem disso, esses arquivos podem ser reproduzidos “off-line”, pois a Macromedia disponibiliza um reprodutor desses arquivos gratuitamente. E ainda permite importar imagem digitalizada e transformá-la em desenho flexível que usa uma fração do espaço do arquivo original. VANTAGENS NO USO DO CD-ROM COMO MATERIAL DIDÁTICO O uso do CD-ROM como material didático traz grandes vantagens no ambiente escolar como o seu uso em qualquer computador sem a necessidade de instalação do programa Flash MX. Dessa maneira, o CD-ROM pode ser transportado de lugar para outro e ser utilizado em qualquer microcomputador que disponha de um drive de CD-Rom (ou unidade leitora). Ainda, o CD-Rom se mostrou um excelente material interativo, capaz não só de prender a atenção, mas também de manter o aluno participando no andamento das animações. Essas mesmas animações podem ser visualizadas em qualquer tópico, pois os arquivos não apresentam uma seqüência linear, permitindo tanto ao professor quanto ao aluno iniciar o

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aprendizado no momento que desejar. Isso se deve à criação de botões e “links” dentro da animação capazes de levar o usuário diretamente ao arquivo desejado. Normalmente um CD-Rom é capaz de armazenar uma quantidade de informações digitais muito elevada, podendo atingir uma média de 700 a 800MB (MegaBytes) por unidade. Como os arquivos em Flash apresentam tamanho reduzido é possível gravar uma grande quantidade de informação em um único CD-ROM. Finalmente, a vantagem é que o custo de sua reprodução é muito baixo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora cientes das dificuldades existentes, na maioria das escolas públicas, no que se refere ao uso do computador como instrumento de apoio para o desenvolvimento de atividades didáticas em sala de aula, entendemos que o mesmo inevitavelmente deverá se ampliar nos próximos anos. Sendo assim, a iniciativa de produção de um CD-ROM educativo se configurou como uma tentativa de superação das limitações técnicas e de contribuição para a melhor inserção do ensino de Biologia no uso da tecnologia disponível. Nas últimas décadas, o uso de novas tecnologias no processo educativo tem estado presente nas discussões e proposições para modernização da educação. Embora o computador possibilite aos alunos o acesso imediato a uma infinidade de informações cabe, contudo, destacar alguns pontos importantes. Primeiramente, é necessário salientar o papel central do professor para o uso adequado e eficaz das tecnologias existentes. É fundamental que ele decida quando e como lançar mão desse recurso e, sobretudo, que tenha uma concepção clara e consciente do porquê dessa utilização. Sabemos que o processo educativo, em particular no que se refere ao Ensino Fundamental e Médio, freqüentemente é tomado por modismos que, praticamente, “se impõem” para os professores, passando a ser utilizados pelos mesmos sem a necessária reflexão e compreensão dos seus significados. Tal postura pode gerar usos inadequados, ou mesmo usos que não exploram devidamente todo o potencial didático que tal recurso ou técnica de ensino possa ter. Diretamente relacionado ao ponto anterior temos a idéia de que o uso da tecnologia seja parte integrante de uma proposta pedagógica mais ampla. Tal situação se destaca pela necessidade de se evitar uma visão simplista dos problemas enfrentados pelos professores em sala de aula e de se atribuir à tecnologia a capacidade de, por si só, resolver todas as dificuldades. Embora o processo educativo contemple dimensões variadas, por exemplo, a metodologia de ensino, a aprendizagem, a relação professor-aluno, a avaliação, os 474

objetivos, a seleção dos conteúdos, etc., é fundamental que as mesmas se harmonizem. Daí a importância do projeto pedagógico para o trabalho dos professores, pois o mesmo deve nortear e dar sentido às suas ações com os alunos. Em estudo anterior (DINIZ, 1998), observamos que os professores tendem a tratar as diferentes dimensões do processo educativo, mencionadas anteriormente, de modo compartimentalizado, ou seja, quando falam, por exemplo, sobre a metodologia de ensino, fazem pouca ou nenhuma menção à relação professor-aluno, ou à avaliação. Abordam de forma independente, questões que deveriam ser vistas em conjunto. Como um dos pressupostos principais para o projeto pedagógico retomamos a idéia anteriormente destacada do papel ativo do aluno no processo de aprendizagem, com destaque para as perspectivas da construção do conhecimento e de aprendizagem significativa de David Ausubel. Destacamos esse pressuposto, dentre outros, pois, como já mencionamos o uso do computador não deve se reduzir à consulta a uma fonte rica em informações para os alunos. Se considerarmos que esses estudantes possuem, cada qual sua estrutura cognitiva e que, a partir dela, elaboram os novos conhecimentos, as atividades de interação dos alunos com o computador deverão também auxiliar os mesmos nesse processo de elaboração, por exemplo, problematizando os conteúdos apresentados. Sabemos que muito ainda está por ser feito no que se refere ao campo da inserção da informática como recurso didático nas nossas escolas. Porém, a experiência por nós desenvolvida permitiu que percebêssemos o potencial e a gama de possibilidades que a mesma pode oferecer para o trabalho do professor em sala de aula. A produção de um CDROM educativo se mostrou um campo produtivo de trabalho não só pelas contribuições, nesse caso, para o trabalho do professor de Biologia, mas também pelo enriquecimento do processo de formação inicial do bolsista envolvido no projeto, tanto no que se refere ao conteúdo específico abordado quanto aos conteúdos pedagógicos necessários para a efetivação da proposta elaborada. Concluímos que a Universidade pode gerar uma grande quantidade de material didático digital voltada para o ensino médio e fundamental, não só no formato de multimídia, mas disponível on line participando efetivamente da inclusão digital.

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