Manuscrito Encontrado em Accra, obra de Paulo Coelho ... - clicRBS

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1 ago. 2012 ... QUARTA-FEIRA, 1º DE AGOSTO DE 2012. Doses. Manuscrito Encontrado em Accra, obra de Paulo. Coelho, induz a uma releitura da vida.
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QUARTA-FEIRA, 1º DE AGOSTO DE 2012

Doses

filosóficas RODRIGO CELENTE

C

omo um bom mago que se preze, a data de lançamento do livro Manuscrito Encontrado em Accra, o 22º de Paulo Coelho, foi escolhida pela simbologia. No dia 25 de julho comemorou-se o aniversário da cidade espanhola de Santiago de Compostela e coincidiu com o 25º aniversário da publicação do best seller, Diário de um Mago. Nesta obra, que narra a peregrinação de Paulo Coelho pelo Caminho de Santiago. É esta experiência mística, filosófica e transcendental, engendrada numa história intertextual com Shakespeare, Umberto Eco, Jorge Luis Borges, fatos históricos e datas, que volta à tona em Manuscrito Encontrado em Accra. É sabido que, para se contar a história de um indivíduo, há necessidade de se articular um tempo de estória e outro de História. E Paulo Coelho acerta a mão neste aspecto. Ao final da leitura, através de posicionamentos estéticos e éticos, fazemos uma releitura da vida. O livro, diz o autor, é a transcrição do pergaminho descoberto em 1974 pelo arqueólogo inglês sir Walker Wilkinson. O manuscrito, que foi escrito em árabe, hebraico e latim contém um relato sobre os conselhos que um sábio grego – Copta – deu à população de Jerusalém às vésperas da invasão da cidade pelos cruzados, em julho de 1099. A situação é semelhante à abertura de O Nome da Rosa, de Umberto Eco. No prefácio, Eco diz que teve contato com um pergaminho de um suposto Abade Vallet. A partir daí, ele desenvolve a história repleta de citações e situações históricas e literárias. Num jogo metafórico, Paulo Coelho reafirma sua proposta de trabalhar com elementos que digam das coisas reais. Alguns dos fatos, locais, nomes e datas presentes na narrativa são recursos ficcionais. Servem apenas para dar ao leitor aquele conhecido que se necessita para sentir-se bem. Paulo Coelho vai, portanto, da realidade à aparência. Além disso, ao nos depararmos com os conselhos de Copta nos questionamos acerca de nossas ações, ou melhor, falta de ações no mundo contemporâneo. Os interlocutores de Copta perguntam sobre valores e sentimentos como lealdade, coragem, amor, medo, solidão, derrota e morte. E as lições nada mais são do que uma reflexão sobre a (in)felicidade de nossa condição humana. Ora, e não é justamente isto que esperamos de uma obra de arte?

Manuscrito Encontrado em Accra, obra de Paulo Coelho, induz a uma releitura da vida

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Serviço Manuscrito Encontrado em Accra, de Paulo Coelho. Sextante. 176 págs. R$ 19,90

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