Propagação por Estaquia de Pau-d'arco-amarelo - Instituto Nacional ...

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Técnicas de propagação vegetativa, a exemplo da estaquia, pode-se se constituir ... propagação por estaquia e que serão usadas na recuperação de áreas ...
1 PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA DE PAU-D’ARCO-AMARELO (TABEBUIA SERRATIFOLIA NICHOLS) BRANDÃO1, H. L. M.; SAMPAIO2, P. T. B. 1 Mestrando em Biotecnologia e Recursos Naturais /Universidade do Estado do Amazonas; 2 Doutor/ INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Resumo Técnicas de propagação vegetativa, a exemplo da estaquia, pode-se se constituir como uma alternativa viável para multiplicação de genótipos desejados. As industrias de papel e celulose utilizam esta técnica para propagação de um grande numero de híbridos de eucalyptus, possibilitando o aumento da produtividade e conseqüentemente maior retorno financeiro. A obtenção de sementes de algumas espécies florestais, torna-se uma tarefa difícil e onerosa. Neste contexto, foram selecionadas três espécies florestais para propagação por estaquia e que serão usadas na recuperação de áreas degradadas por atividades petrolíferas em Urucum – Am. utilizadas Os resultados indicam que estacas de material juvenil de Pau-d’arco (Tabebuia serratifolia Nichols) quando submetidas a tratamentos (300, 700, 1500 e 2000 ppm) com ácido indol-butirico, após 90 dias no viveiro de enraizamento, apresentaram na dosagem de 2000 ppm, 90 % de enraizamento, 85 % de sobrevivência e 85% de brotações. Os resultados revelam que o uso de AIB estimulou o enraizamento e a sobrevivência das estacas. Introdução A floresta Amazônica caracteriza-se pela alta heterogeneidade, com baixa freqüência por espécies. Algumas dessas espécies apresentam baixa produção de sementes pôr árvores e irregularidade na frutificação, onde as sementes produzidas são pouco viáveis, aliada a difícil e onerosa coleta das mesmas (SAMPAIO, 1989). A estaquia torna-se portanto uma alternativa para a reprodução vegetativa das espécies florestais da Amazônia, pois além de superar os referidos problemas, é uma técnica de grande importância em programas de melhoramento genético, como ferramenta para a multiplicação de genótipos selecionados que poderão ser usados em testes clonais, e que futuramente poderão ser transformados em pomares de sementes, para a produção de sementes melhoradas. No entanto se faz necessária à utilização de reguladores de crescimento no enraizamento de estacas. Esta prática já é bastante difundida e, em muitas espécies, viabiliza a produção de mudas (FACHINELLO et al., 1995). Contudo, o potencial genético de cada cultivar exerce influência no enraizamento, variando o comportamento e os requisitos para que esse ocorra (TREVISAN et., al., 2000). Neste contexto, este trabalho avalia a propagação por estaquia de uma espécie florestal Pau-d’arco-amarelo (Tabebuia serratifolia Nichols), visando à recuperação de áreas degradadas pela exploração de petróleo em URUCU, atendendo uma das metas do

2 projeto CT-PETRO, que é a produção de mudas para reflorestamento. Utilizou-se o Ácido Indol Butírico – AIB, aplicado em diferentes dosagens a fim de favorecer o processo de enraizamento de estacas confeccionadas a partir de material juvenil. Material e Métodos As estacas foram obtidas de material juvenil de mudas com aproximadamente um ano de idade produzidas no viveiro coberto com sombrite de 70% localizado na Estação Experimental de Silvicultura Tropical - EEST do INPA. Optou-se por utilizar material juvenil por ser mais indicado de acordo com Hartman e Kester (1979), como o mais apropriado para a propagação de espécies florestais. No período de 01 de setembro a 01 de dezembro de 2003, as mudas pré-selecionadas foram cortadas na altura do colo e foram acondicionadas em uma caixa de isopor de 100 litros contendo água até a completa imersão da base das mudas, as mesmas foram trazidas até o campus do INPA/V8 onde foram confeccionadas as estacas. Foram modeladas cem estacas de 12 cm de comprimento e de diâmetro variável entre 5mm e 8mm, cortando-as na parte inferior em forma de bisel e em forma transversal parte superior. Deixaram-se duas folhas apicais reduzidas pela metade, para que es estacas pudessem realizar fotossíntese, como recomendado por Corrêa (1981), Fonseca et., al. (1984), Albuquerque & Duarte (1979); São José (1991). Os tratamentos previstos foram quatro dosagens de AIB, 0ppm, 300 ppm, 700 ppm, 1500 ppm, 2000ppm, sendo incluso um tratamento testemunha. Previamente, as estacas foram tratadas com o fungicida sistêmico Benlate na concentração de 0.33g por litro de água. A seguir, a base das estacas foi imersa em uma solução alcoólica a 50% de AIB por 10 segundos, como recomendado por HARTNEY (1980). Após esse processo a base das estacas foi enterrada em recipientes plásticos até os 4cm de profundidade no substrato composto de areia (90%) e argila (10%). O delineamento estatístico foi inteiramente ao acaso com cinco tratamentos e vinte repetições por tratamento. Os tratamentos foram às dosagens de AIB e as repetições o número estacas (100 estacas). As análises estatísticas foram feitas com o uso do teste de Tukey a cinco por cento de probabilidade. O experimento foi instalado na casa de vegetação do INPA/V8 que conta com um sistema de nebulização automático de dez segundos com cinco minutos de intervalo, coberto com sombrite (70%). As avaliações foram feitas no intervalo de dez dias, quando se avaliou a sobrevivência das estacas. Aos 60 dias, foi feita a avaliação final, na qual constou à medição das seguintes variáveis para cada estaca: Número de estacas enraizadas por tratamento; Porcentagem de brotação de estacas enraizadas; O diâmetro e comprimento dos brotos; Contagem do número de brotos por estaca,; Diâmetro e comprimento da raiz mais grossa; Contagem do número de raízes oriundas da base da estaca; A sobrevivência foi determinada por meio da contagem das estacas vivas no momento da avaliação final e o número de folhas originais que permaneceram nas estacas. Resultados e Discussão Tabela 1. Estacas de Pau-d’arco tratadas com 5 dosagens de AIB, avaliadas após 60dias.

Pau-d’arco-amarelo 0ppp Sobrevivência (%) 50

300ppm 45

700pm 1500ppm 2000ppm 60 80 85

3 Enraizamento (%) Brotamento (%)

45 50

50 45

55 65

85 70

90 85

Observa-se pela tabela 1 e pela figura 1, que a capacidade de enraizamento desta espécie independe da aplicação de auxinas exógenas. Resultados semelhantes foram encontrados por Sampaio, et.,al, 1989; Santos, et.,al, 1994; Galvão, 1981; Corrêa, 1981. Este fato tem grande importância pratica em relação à produção de mudas por pequenos produtores, que sem qualquer custo adicional e tratamento, podem produzir mudas desta espécie. Porém a aplicação do AIB possivelmente aumentou a porcentagem de enraizamento, como pode ser observado nos tratamentos 4 e 5. E conseqüentemente podem ter favorecido a sobrevivência e a brotação dessas estacas. Tabela 2. Comparação de médias dos parâmetros coletados em estacas de Pau-d’arco-amarelo, comparadas para cinco dosagens de AIB.

TRATAMEN TO 0ppm 300ppm 700ppm 1500ppm 2000ppm

Comprimento do Broto* 3.54 2.02 1.60 1.20 0.97

a ab b b b

MÉDIAS DOS PARAMETROS Diâmetro do No. Raízes Comprimento Broto* da Raiz* 0.06 0.08 0.08 0.11 0.15

b b b ab a

11.5 9.6 6.6 6.4 5.7

a a a a a

1.65 3.20 3.34 5.55 6.13

b ab ab a a

Diâmetro da Raiz* 0.05 0.06 0.09 0.12 0.13

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Na tabela 2 pode-se observar que a concentração do hormônio não afetou significativamente o número de raízes nas estacas. Enquanto que as maiores doses (1500ppm e 2000ppm) estimularam o crescimento no comprimento e diâmetro das raízes (figura 2), revelando que nestas concentrações, o uso do AIB favoreceu o enraizamento desta espécie. O comprimento dos brotos apresentou uma relação inversa, ou seja, estacas tratadas com AIB nas concentrações de 1500 e 2000 ppm apresentaram brotos com menores comprimentos (Tabela 2). Possivelmente, nestes tratamentos o uso dos carboidratos armazenados nas estacas foram direcionados para o desenvolvimento de maior sistema radicular (tabela 1) e que posteriormente, um sistema radicular vigoroso favorecerá o crescimento dos brotos. Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE. J.C. Duarte M. L. R. 1979. Propagação de diferentes cultivos de pimenta-do-reino através de estacas de um nó. EMBRAPA – CPATU. In: Comunicado técnico 23. Belém, 14p.

b b ab ab a

4 CORRÊA, M. P. F. 1981. Propagação vegetativa do Guaranazeiro (Paulinia cupana) var. Sorbilis (Mart. Ducke). EMBRAPA _UEPAE . Manaus 2p. FACHINELLO, J.C.; Hoffmman, A.; Nachtigal, J.C.; Kersten, E.; Fortes, G.R. de L. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. 2.ed. Pelotas: Universitária, 1995. 178p. FONSECA, C. E. L., Corrêa, M. P. F., Sperândio, J. P. e Canto, A, C. 1984. Propagação vegetativa de Jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nigra Fr. Allem) através da estaquia. EMBRAPA – UPAE. Manaus. 2p. GALVÃO, E. V. P. 1981. Efeito do Ácido indol-butírico em diferentes substratos no enraizamento de estacas de caule de Maniçoba (Manihot glazziowii Muell. Arg.). Dissestação de Mestrado. Fortaleza _CE. HARTNEY, V.J. 1980. Vegetative propagation of the Eucalyptus. Australian forest research, v.10, n.3, p.191-211. SAMPAIO, P.T.B. 1987. Propagação vegetativa do pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) pelo método da estaquia. Manaus: INPA/UA,. Dissertação de Mestrado. 112p. SANTOS, S.C. 1994. Efeitos de épocas de poda sobre a produção e qualidade dos frutos da figueira (Ficus carica L.), cultivada em Selvíria-MS . Ilha Solteira: UNESP, 50p. (Trabalho de Graduação apresentado a Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira). SÃO JOSÉ. A, B. 1991. Propagação do Maracujazeiro. In: A cultura do Maracujá no Brasil. Jaboticabal, São Paulo: FUNEP. 25-41p. TREVISAN, R.; Schwartz, E.; Kersten, E. 2000. Capacidade de enraizamento de estacas de ramos de pessegueiro (Prunus persica (L.) Batsch) de diferentes cultivares. Revista Científica Rural, Bagé, v. 5, n. 1, p. 29-33.